terça-feira, 17 de abril de 2012

Someone new.

Estar sozinho e estar só são coisas diferentes - penso que é mais ou menos consensual dizer isto. Pelo menos é isto que eu penso, e sinto. Já falei antes do quão bem adaptada estou ao estar sozinha, sobretudo porque nunca me sinto só: tenho os pais e os amigos "mai'lindos", sinto-me feliz e tranquila.
Adaptada, como já disse antes. Perfeitamente adaptada.
Aparece agora uma pessoa nova, diferente. Mesmo diferente: não de "todas as outras pessoas do mundo num sentido lindo e maravilhoso", mas diferente de "todas as pessoas que já alguma vez fizeram parte da minha vida ou me interessaram". O que pode ser bom. Ou não. Não sei. Tenho aproximadamente 1 borboleta no estômago, o que é alguma coisa.
E agora?
Como é que se penhora esta paz e este sossego? Como é que uma pessoa se "dá ao trabalho", agora que estava tudo tão bem? Vale a pena?
O meu eu "adaptado e feliz" (ou talvez cheio de receios e defensivo) manda-me estar quieta.
Como é que se abre a porta a um estranho?

I need therapy!

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

O que acontece quando os médicos pensam.

Esta noite estive de urgência, coisa que (ainda) adoro. A adrenalina, o stress, o não parar para pensar um segundo noutras coisas, porque estamos ali, e ali tem de estar 100% de nós (pelo menos, por enquanto). A cumplicidade que rapidamente se desenvolve com os colegas, baseada na partilha: as perguntas, as dúvidas, a necessidade. E os doentes, ali, agudos, a precisar de nós, e nós a sentir que efectivamente podemos fazer alguma coisa, que o nosso trabalho é importante, que vale a pena tanto estudo e tanta entrega, mesmo que nos estejam a reduzir as horas extraordinárias como se não houvesse amanhã.
Tudo o que é preciso é não parar para pensar.
Morreu-me um. "É um oligofrénico", disseram-me, "está numa instituição". Não conseguia respirar adequadamente, tinha uma pneumonia grave, e estavamos a fazer o que podiamos por ele. "Não podemos fazer muito mais" - era verdade. De repente, quando olhei para ele, pensei no meu tio. Também é oligofrénico. Também tem as suas pneumonias. Também já foi internado muitas vezes. E ia fazer-nos tanta falta se morresse. E ao perceber que não podia fazer mais, por momentos a incapacidade tomou conta de mim. O lábio começou a tremer. De repente, aquele senhor era o meu tio, estava a morrer, e eu não podia fazer nada.
É por isto que os médicos não podem pensar. Deixem-nos estar assim, somos melhores quando não pensamos.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Coisas que aprendi em 2011.

Que nem sempre as pessoas que queremos que estejam, estão. Que muitas vezes as pessoas que ficam não são aquelas que esperamos que fiquem. Que, no fim de contas, só deve fazer falta quem está.  

domingo, 18 de dezembro de 2011